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Minha Mãe Adoeceu, e Agora?

O livro Minha Mãe Adoeceu, e Agora? foi lançado em junho de 2020 pela Editora Muruci, sob a égide do editor chefe Maurício Muruci.

A obra conta a história do que aconteceu no círculo íntimo da família Arend Schreiner, a minha família, durante pouco mais de uma década de convivência com o Mal de Parkinson. 

Não é uma história sobre doença e tristeza – é o testemunho da edificação do amor pela ferramenta do cuidado, do zelo, carinho e proteção. É uma obra dedicada a um grande amor: Lori Hilda Arend, a pessoa mais corajosa que eu conheci. No livro eu conto como cuidamos dela, tudo o que aconteceu na nossa vida doméstica, num relato simples e direto. O livro é pura sinceridade e vontade de influenciar filhos e filhas, cuidadores e  profissionais da saúde a cuidar com paciência, delicadeza e empatia de alguém que se encontra desprotegido por uma doença, incapaz de falar, defender-se e pedir ou reclamar o que deseja.

Desejo a você que tenha a coragem  para ser o amparo e o escudo dos desprotegidos desse mundo, não só dos doentes, mas de todos os indefesos (a fauna, a flora, as crianças, água, solo, ar, os velhinhos, enfim, todos os que contam apenas com a defesa e amparo de Deus), como ferramenta de Deus, um ajudante de Jesus agora e sempre. Que assim seja!

Capa

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Lori e suas filhas, Luana e Gabriela

Com a fisioterapeuta Márcia Zilli Rocha

Com a fonoaudióloga Ana Paula Lima

Com o acupunturista Jiro Sumino

Neurologista PHD em Parkinson, Dr. Carlos Rieder do Hospital de Clínicas de Porto Alegre RS

 

A vida normal

Quando eu me sinto feliz, me sinto espetacularmente viva. E equipada de uma mente que opera nos limites mais elevados de sua capacidade. Uma mente que enxerga tudo, que entende tudo, como se observasse o todo do cume mais alto que se pode estar. 

Quando eu me sinto feliz, eu tenho uma sensação espantosa de síntese. Faço concisões esplêndidas.  É como se os elementos mais disparatados da minha biografia enfim se entrelaçassem. Todas as coisas que eu conheço ou amo se costurassem e virassem uma coisa só. Essas coisas estão na Terra e também no Céu, o mundo espiritual. Elas são materiais e imateriais. 

Quando eu estou feliz, me sinto livre e, principalmente, triunfante. Tenho, enfim, um prêmio conquistado, tão desejado e perseguido. 

Eu sigo insistindo na convicção de que a felicidade é uma construção. A felicidade é uma decisão. É uma teimosia minha de não querer tolher o experimento da vida, tendo a coragem e a curiosidade de continuar na luta. Qualquer ato que não seja o da luta é covarde. E aguentar é aprender… gosto de saber mais, porque isso é munição. 

Não me lembro onde li, quem disse, mas está anotado no meu Hupomnêmata, nos exercícios de askêsis, que o auto aperfeiçoamento é o grande pacto da vida. Uma roda que não vai parar. A evolução não tem freios.

A beleza e a felicidade são apenas os legados visíveis de vitórias e conquistas, efêmeras ou não. 

Que Deus abençoe a sua luta diária pela felicidade.  E que a felicidade jamais seja confundida com ócio, sabotagem, vícios e prazeres inúteis. Que a felicidade seja aquilo que nos deixa mais fortes, mais atentos, vigilantes e em oração de gratidão. 

Isso não é um conselho, nem uma sugestão, muito menos uma crítica. É apenas um desejo particular. 

Jornalista Luana Helena Arend Schreiner, em 09 de junho de 2023.

Imagem gerada por mim e a a partir de foto minha no Midjourney Discord com o prompt: “use a imagem da foto enviada para gerar a imagem de uma moça escrevendo diante de prédios gregos antigos”.

Encontrando a Paz na Natureza

          Eu tenho muito de Artemis, a deusa dos instintos – conhecida também por Diana. Os arquétipos dela me representam. E por sentir que consigo viver esse mito, por vezes sou chamada a sair fora da realidade ou da razão prática e dar expressão à realidade psíquica, que se consome de vontade de estar ao ar livre, na natureza pura e crua, segura, remota, quase intocável.

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          O amor e a vontade dessa natureza são obrigados a se encaixar no dia a dia, que se organiza e se dispõe de forma prática, objetiva, com o foco em tarefas e na forma de abreviá-las e facilitá-las.

          Muito da minha vida e da vida de muita gente, depende dos confortos tecnológicos e do acesso a mercadorias. A acessibilidade é um alívio, uma benção para todos os setores da vida, desde o trabalho, lazer, esporte, saúde  e educação. As distrações e o lazer, na maior parte das vezes, dependem de telas conectadas na Internet. Então acontece de ser fácil protelar a importância de desconectar e apenas “ser” algo lá na natureza.

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Encontrando a paz na natureza

          Como uma pessoa consegue encontrar a felicidade na natureza? A resposta simples é “estar nela”. Mas, quando penso nessa ideia, percebo que levei bons 30 anos para entender o que a frase significa.

          Quando criança, crescendo nos arredores de uma capital, eu  e minha família percorríamos o interior, o campo, serra, planalto, cachoeiras, rios a cada final de semana de tempo bom e nas férias, íamos para a praia. Se não viajávamos no final de semana, íamos a um parque local ou caminhávamos pelos jardins de universidades próximas. Ainda que tendo esses pequenos gostos na natureza, muito da minha vida foi gasta na agitação de uma metrópole movimentada.

          Eu cresci percebendo que estar na natureza era algo como um hábito, um hobbie agradável, uma boa opção de diversão. De fato, fui acostumada a ter como períodos de lazer, as experiências em meio à natureza.

       Mais tarde, já adulta e entregue à minha própria agenda e a dos amigos, me vi em outros estilos de programação de lazer: shopping, viagens a grandes centros urbanos, restaurantes, lugares fechados da cidade. Não somente entregue aos gostos dos que me cercam mas também fazendo opções de lazer visando a segurança, pois a violência cresceu muitíssimo da minha infância aos dias atuais.  Não me sinto confortável em fazer trilhas, acampamentos e desbravar lugares de pouco movimento estando sozinha.  E confesso ser difícil encontrar pessoas que tenham amor pelo ar livre. Não é qualquer um que se diverte em montanhas e ladeiras, com chuva ou sol, caminhando quilômetros e entregando-se ao calor e às imprevisibilidades do mundo natural.

       No ano de 2005, quando minha mãe foi diagnosticada com sintomas de Parkinson, que a minha relação com a natureza começou a mudar. Para acompanhar o novo ritmo que se estabelecia na relação com minha mãe, fui obrigada a desacelerar. Na época, ela se movia muito lentamente, o que me obrigou a assumir um ritmo mais lento e mais gentil, pois eu estava cuidando dela, vivendo com ela. Ela passou a usar bengala, depois andador, e, por fim uma cadeira de rodas. Foi nesse ponto que comecei a perceber o valor de andar devagar pela vida, pelos pequenos detalhes da rotina, em cada mínima atividade. Assim se deu minha nova relação com a natureza, examinando as coisas que ouvia e via num novo ritmo, assim como os sentimentos e emoções que esse novo modo de viver provocavam em mim. Comecei a perceber o que significava estar “consciente” e “presente”.

      Por mais de uma década, minha mãe e eu tínhamos percorrido uma profunda jornada através da doença. Ela não se recuperou da doença no corpo, vindo a falecer em 16 de dezembro 2013. Mas juntas, resignificamos nossa alma. Juntas na dor e nas superações do dia a dia, aprendemos a pensar com mais clareza e refletir com mais honestidade. O que eu experimentei com ela, com minha irmã, a família, foi a construção de um novo jeito de viver, bem mais atento às demandas internas da alma. Essa vivência me ajudou a olhar tudo no mundo de forma diferente… a natureza, principalmente. Agora, quando eu posso ter meu tempo para ficar quieta na natureza, sou muito mais capaz de limpar a mente, mudar o pensamento através dos sentimentos que a natureza desperta e enseja.  Foi a experiência de conviver com a doença incurável e degenerativa que me fez perceber como eu precisava estar na natureza, e como me sentia melhor quando a natureza se tornava uma parte significativa da minha vida.

Depois dessa epifania, assumi o compromisso de passar um tempo no espaço verde sempre que puder. Eu gostaria que fossem todos os dias.

        Estar na natureza é uma experiência gloriosa. Ultimamente tenho tido vontade de fundar uma organização que promove o bem-estar através de experiências ao ar livre, ser dona de um parque de preservação da vida selvagem: privado. É um desejos seriamente calculado e planejado, na expectativa de viabilizar.

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A Natureza Ajuda a Construir Serenidade – Meditando com a Natureza

       Assim como a meditação ajuda a colocar a pessoa inteiramente no momento presente, praticar a observação da natureza também promove a adequação de tempo e espaço. Ao explorar os sentidos, também construímos uma espécie de estado meditativo em meio à natureza. Começamos apenas percebendo o que podemos ver, se a mente se desviar, voltamos suavemente ao que podemos notar com os nossos olhos. Então, nós nos sintonizamos com a nossa audição, às vezes eu gosto de fazer isso com os olhos fechados e em outras vezes, andando muito devagar. Ocasionalmente tente escutar sons a diferentes distâncias, talvez começando com sons dentro de cinquenta centímetros, depois dois metros, depois dez metros, e então o mais longe que puder. É assim que eu faço.

        O próximo passo é nos sintonizamos com o que podemos sentir. Às vezes noto o que está acontecendo dentro do meu próprio corpo, mas muitas vezes eu exploro o chão sob meus pés, ou a sensação da casca de uma árvore ou a textura de musgo ou grama sob meus dedos. Tanto o som como o toque com esses elementos me trazem muito para o momento presente.

     Por fim, exploramos o cheiro. Às vezes adoro ficar com a cabeça no chão para sentir o cheiro da terra ou da grama. O objetivo de todos esses exames de experiência sensorial é chamar a atenção para os estímulos “sem importância” e criar, sentir ou aprender algo positivo com isso.

      Desacelerando e explorando tudo com cuidado e atenção, muitas vezes me surpreendo com o incrível detalhe que existe em todos os seres vivos. Eu encontro a verdadeira alegria por estar tão próxima quanto é possível da beleza e dos detalhes em uma lâmina de grama ou nas costas de um inseto.

      Então vem a vontade de alongar a perspectiva, olhar o céu rosa no horizonte. Assistir os animais se estabelecerem pelos campos, notar alguns brincando entre si. O cheiro deles pairando no ar. Apenas ficar por um momento absorvendo tudo. Ao fazer isso, percebo meus ombros começando a relaxar e a tensão no meu pescoço se desvanecer. Eu posso respirar mais profundamente e sentir o estresse da urbanidade caindo de mim. A vida parece estar mais feliz, ou mais próxima de Deus, menos ocupada e pressionada.

          A maneira como encontro felicidade na natureza é estar nela com todos os meus sentidos regularmente. É um convite que eu estendo sempre a todos que amo. Saia, encontre a natureza, diminua a velocidade e perceba tudo nela, é aí que a alegria está para ser desfrutada.

Plataforma de criptomoeda para ganhar dinheiro praticando meditação irá remodelar a economia e a sociedade. Munique/Alemanha 10/08/2018, por Luana Helena Arend Schreiner.

          Todos nós já estamos sabendo e tentando nos acostumar com a ideia de moedas potencialmente globais em vez de moedas nacionais, as chamadas criptomoedas. Elas, as crypto, pressupõe liberdade transacional, descentralização e universalização dos meios de pagamento.

          Da efervescente cena do blockchain, uma nova plataforma de criptomoeda surgiu mostrando um potencial impressionante para desdobrar uma profunda mudança na economia global. A empolgação por trás dessa possibilidade vem de um sistema financeiro descentralizado inovador que introduz dinheiro na sociedade por meio de um aplicativo de meditação que faz mineração de criptomoeda enquanto o seu usuário medita. Para isso, é preciso meditar usando uma tiara que faz leitura das ondas cerebrais e envia para o aplicativo de meditação do celular. O nome do aplicativo é Money of Good, que significa: o dinheiro que vem das boas ações. O aplicativo é uma plataforma socioeconômica que opera um sistema de recompensas mesclando tecnologia de neurofeedback com blockchain, permitindo que as pessoas ganhem dinheiro praticando meditação. Em suma, é assim que funciona, os usuários usam o MEMO, que é a tiara, um wearable, que lê as ondas cerebrais com alta precisão e fornece orientação para a prática de meditação através de um aplicativo no smartphone. Então, quando os sinais cerebrais mostram que a pessoa atinge o estado meditativo, ela começa a ganhar dinheiro proporcionalmente ao tempo praticado. Desta forma, a plataforma proporciona aos seus usuários uma renda regular independente, quebrando o paradigma do empregoXsalário ou sendo uma renda extra.

          A criptomoeda gerada pela meditação do usuário da plataforma Money of Good é a MoG.  A garantia do valor da moeda MoG será mantida por uma reserva de dinheiro criada por empresas do movimento B-Corp. Isso significa que as pessoas poderão usar seus ganhos para comprar produtos reais desde o início, transferindo os créditos da wallet da cryptomoeda para o cartão de crédito ou conta do celular, tornando o sistema atraente e acessível a todos.

         Considerando que grandes líderes preveem uma onda de desemprego em massa num futuro próximo como resultado da ascensão da Inteligência Artificial e da automação de inúmeras profissões, é inspirador pensar que o sistema de recompensa de Money of Good, que gamefica a distribuição de dinheiro, pode ser a solução global para fornecer uma Renda Básica Universal confiável, trazendo equilíbrio econômico e, em última análise, ajudando a reduzir a desigualdade e a recuperar os economicamente excluídos. Além disso, com um número crescente de pessoas envolvidas na prática diária de meditação, o sistema também traz o potencial para reduzir os níveis globais de estresse e elevar a consciência levando a um mundo mais pacífico. Muitos podem pensar que tudo isso parece bom demais para ser verdade, mas o fato é que o projeto está evoluindo consistentemente e conta com a simpatia de pessoas com opiniões relevantes como o Prof. Yuval Harari, autor dos best-sellers Sapiens e HomoDeus e Dalai Lama, que pessoalmente fez reunião com os projetistas.

          Os designers gráficos,  Marcelo Bohrer e Fran Caye, que iniciaram o projeto em Munique, juntamente com uma equipe de neurocientistas, monges budistas, desenvolvedores de software, designers e economistas na Alemanha, garantem que já existe tecnologia e estratégia que torna a plataforma Money of Good viável e, com o apoio certo, eles poderão disponibilizá-la para qualquer pessoa no mundo muito em breve. A nobre intenção de mudar o mundo pode ser melhor entendida lendo a Visão de 2030, disponível em http://www.moneyofgood.org, onde mais detalhes sobre o sistema, o sensor cerebral MEMO e os próximos passos podem ser encontrados. Em última análise, Money of Good parece a maneira mais benéfica de usar a tecnologia blockchain para empoderar as pessoas e dar-lhes a chance de redefinir a economia de uma forma mais equitativa, saudável e sustentável. Quiçá, isto finalmente fará com que vivamos em um mundo onde o índice FIB (Felicidade Interna Bruta) superará o PIB (Produto Interno Bruto).

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Ativistas chamam a população em apoio ao PL dos bois

Projeto de Lei teve a votação adiada por três semanas

via Magdalena Bertola

Hoje (terça, 17/07/18), os ativistas pelos direitos animais chamam todos os simpatizantes da causa animal a comparecerem na mobilização pela votação do Projeto de Lei 31, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – Alesp, a partir das 13 horas.

O “PL dos Bois”, como é conhecido, é de autoria do deputado estadual Feliciano Filho (PRP) e tem como intuito proibir o embarque de animais vivos para fins de abates nos portos do estado. O projeto já teve a votação adiada por diversas vezes, mesmo com a mobilização massiva de centenas de ativistas, que têm lotado a casa nas últimas três semanas. Feliciano Filho afirma: “Temos grande maioria dos deputados a favor, mas os poucos que são contra obstruem e tentando postergar a votação”.

Na última semana, houve mobilização dos deputados favoráveis para obstruir a votação de outros projetos até que o PL 31 seja efetivamente pautado. “Enquanto estamos aqui discutindo, milhares de bois estão sofrendo e morrendo dentro dos navios. Um dos piores horrores é que vários deles precisam passar por nucleação, ou seja, retirada do olho por conta da exposição excessiva à amônia. Estão tentando nos cansar, mas não vamos desistir nunca!”, afirma o deputado Feliciano.

O PL 31 se baseia nas imagens gravadas dentro do navio Nada, em fevereiro deste ano, no Porto de Santos, e pelo laudo feito por uma veterinária através de decisão judicial, que mostrou que em apenas uma baia de 18m2 haviam 23 bois, o que significa menos de um m2 por animal. Tal laudo apresenta 47 fotos (Veja na íntegra em http://felicianofilho.com.br/wp-content/uploads/2018/07/Parecer_Veterinaria_NADA_jan_2018_Portugues.pdf )

que retratam uma realidade caótica em que os animais são transportados, envoltos nos próprios dejetos, em pé e em temperaturas elevadas. Além disso, muitos animais sequer chegam vivos ao destino, uma vez que as condições precárias na embarcação faz com que muitos morram no caminho. A ANDA – Agência de Notícia de Direitos dos Animais, em matéria de fevereiro, cita dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que afirmar que, “em uma viagem com 27 mil bois para a Turquia, por exemplo, é preciso trabalhar com uma margem de perda de pelo menos 10% dos animais, o que significa que até 2,7 mil bovinos poderão morrer antes de chegaram ao seu destino. E para o “descarte” desses animais, há sempre um moedor ou triturador nos “navios boiadeiros”. Ainda de acordo com a Embrapa, citada pela ANDA, cada bovino criado para corte produz, em média, e 30 a 35 quilos de esterco diariamente. Fazendo as contas, em uma viagem marítima com duração de quinze dias onde se transportam 27 mil bois, são produzidos até 945 mil quilos de fezes e urina que frequentemente são lançados ao mar, o que provoca grande impacto ambiental.

Em depoimento na audiência pública na Alesp em maio de 2018, a veterinária australiana Lynn Simpson, que passou dez anos viajando em navios-boiadeiros, afirmou que “É comum ver os animais com as línguas de fora, tentando respirar sem conseguir, já ficando azuis com a falta de oxigênio. O aumento da taxa de respiração aumenta os níveis de CO2 e amônia no ar e piora ainda mais a situação. Animais mais fortes sobem em cima dos mais fracos, em busca de ar, esmagando-os. Alguns caem já espumando pelo nariz. Quando tentamos puxar os animais mortos, as pernas se soltam facilmente e vemos os músculos já sem cor, a gordura translúcida – sinais indicativos de cozimento. Os bois são cozidos vivos”.

Um dos episódios mais conhecidos da luta dos ativistas para o não embarque de animais é o do boi Héroi, que gerou comoção nacional e internacionalmente. Em apenas sete dias de junho, três bois pularam do navio Aldelta, atracado no Porto de São Sebastião (litoral norte de SP) numa tentativa desesperada de escapar da morte. No dia oito, dois bois foram resgatados no mar pela Cia DOCAS, que administra o Porto. E na madrugada do dia 14 mais um boi se lançou ao mar e nadou por dez quilometros até ser resgatado e reembarcado com vida. Batizado de Herói dada sua coragem e força, o boizinho foi notícia em jornais nacionais e internacionais. O deputado Feliciano Filho tentou resgatá-lo ou compra-lo, mas todo o esforço foi em vão, pois o presidente do Porto não forneceu o nome do exportador ou importador para negociação.

Deputados opositores à PL31 afirmam que a exportação de animais vivos constitui uma parcela importante na economia brasileira, porém, em um vídeo resposta ao candidato à presidência Aldo Rebelo, uma ativista levantou informações do site oficial do porto de São Sebastião, litoral norte de São Paulo, onde o navio Bader III está atracado e se preparando para receber animais, de 2007 a 2016 a exportação de gado vivo foi irrelevante considerando a movimentação total, sendo que no único ano em que houve alguma movimentação, foi de apenas 3% do total de movimentações do porto. Além disso, de acordo com a lei Kandir, que dispõe sobre o imposto dos estados nas operações relativas à circulação de mercadorias e serviços (ICMS), a exportação de animais é isenta de pagamento de ICMS, fazendo com que o estado de São Paulo e o Brasil nada lucrem com tal atividade, sendo irrelevante para a economia pública e servindo apenas à interesses privados de ruralistas.

No sábado (14), um grupo de ativistas se dirigiu ao porto de São Sebastião para protestar contra o embarque de novos bovinos no navio Bader III. Segundo a RSPCA South Australia (Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade com Animais, na sigla em inglês) a navegação em questão possui uma taxa de mortalidade de dois por cento dos embarcados, ventilação restrita, níveis difíceis de verificação de bem estar e aumento de mercúrio no oceano.

Ainda tramita PL em Israel é projeto de lei e não decreto-lei:

A luta contra a exportação de animais vivos é mundial e Israel acaba de dar o primeiro passo. Tramita no país um projeto de lei para eliminar progressivamente o transporte de animais vivos.

Em contrapartida ao retrocesso nos direitos animais no Brasil, os ministros israelitas aprovaram um decreto-lei que visa a eliminação progressiva em até três anos da importação de animais vivos para o abate em Israel.

Para conhecer todas as razões econômicas, veterinárias, jurídicas, ambientas e morais para a extinção do embarque de animais vivos para fins de abate, consulte o link

http://felicianofilho.com.br/noticias/conheca-as-razoes-economicas-veterinarias-juridicas-ambientais-e-morais-para-que-o-embarque-de-animais-vivos-chegue-ao-fim/

A Alesp fica Av. Pedro Álvares Cabral, 201 – Paraíso, São Paulo e a concentração dos ativistas inicia às 13h, porém, quem estiver impossibilitado de chegar neste horário, tem a total liberdade de chegar mais tarde e somar à luta pela votação e aprovação da PL31 ainda nesta terça-feira.

2018-07-13

Vamos falar de sentimentos

Compilação do texto de David Berreby, Abril 2018 . Ano 18 . Número 217. Revista Oficial da National Geographic Society:

{Jay Van Bavel, um neurocientista da Universidade de Nova York que estuda identidade de grupo através de exames de ressonância magnética, descobriu que grande parte das nossas percepções e emoções sobre grupos acontece fora do nosso controle e da nossa percepção consciente.

As imagens da ressonância magnética refletiram um fator fundamental da preferência do ser humano pelo seu próprio grupo: possuímos um radar mental que busca descobrir quais grupos à nossa volta são importantes e a quais deles pertencemos. E esse radar está sempre ligado. Mesmo acomodada com a nossa identidade racial, religiosa, política, etc. a nossa mente está alerta para a possibilidade de novas coalizões.

É fácil ver porque os seres humanos teriam evoluído para se preocupar com grupos e o seu lugar neles. Contar uns com os outros é uma estratégia de sobrevivência sensata para uma criatura frágil e barulhenta, desprovida de armas embutidas. Viver em grupo facilita a sobrevivência. De fato, não existe sociedade humana que não possua linhas definidas para distinguir entre vários grupos. “É assim que, geralmente, funciona a percepção das pessoas”, explica Van Bavel. “Na primeira fração de segundo, julgamos os outros com base no grupo a que pertencem”. Preocupar-se com o grupo ao qual pertencemos não é algo que seja preciso aprender, como ler ou dirigir. É algo que fazemos automaticamente, como respirar.

Os psicólogos descobriram faz tempo que é facílimo despertar a nossa mente tribal. E que a experiência de cooperar por um objetivo comum uni os grupos. Em muitos experimentos de pesquisadores da Universidade de Oklahoma foi demonstrado que as pessoas podem mudar as suas percepções de grupo em ambas as direções. Às vezes, transformamos Nós em Eles. Mas também podemos ser Eles em Nós.

Um simulador da Universidade de Washington aplica um programa elaborado por cientistas sociais com base no que a ciência descobriu sobre o sentimento de grupo entre os seres humanos, é um exemplo de como cientistas, depois de estudarem por que somos tão “maníacos por identidade”, procuram uma solução aplicando as suas teorias e os seus métodos a casos reais de problemas do tipo Nós contra Eles, levando negociadores a zonas de conflito, que aprendem, compartilham  e exemplificam o conhecimento de estratégias de paz.

“A ideia é diminuir os benefícios psicológicos do conflito e aumentar os da cooperação”, explica Chistopher Grady, pós-graduando em ciência política na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, que está ajudando a medir os resultados do projeto.

Aprender a ser um bom negociador é “quase uma prática meditativa, é parar antes de agir”, diz Arthur Martirosyan, da CMPartners, a consultoria que elaborou o programa de treinamento. É dizer: reconheço essa situação e, por isso, sei que ela pode provocar emoções destrutivas em mim. Eu quero estar no controle.”

Não existe uma teoria única sobre a razão de as pessoas serem vítimas da mentalidade Nós contra Eles, e também não há uma técnica única para ajudá-las a sair dessa armadilha. Mas o número crescente de pesquisadores que estudam esse problema usa um só método científico. Começam com fatos comprováveis sobre a mente, o comportamento e a sociedade humana. Usam esses fatos para elaborar uma intervenção. Testam a intervenção. Por fim, comparam os grupos para avaliar se o tratamento promoveu redução da violência e aumento da justiça e da paz.

Baseado em estudo científico e não em opinião. A ciência torna um pouco mais palatável para quem não acredita que ele existe.

Testes cuidadosos desse tipo estão cada vez mais ocorrendo em outros contextos no mundo todo. Daqui a alguns anos, isso talvez mostre que, finalmente, descobrimos uma ciência do sentimento de grupo nos seres humanos que nos ajude a dominar esses instintos, antes que nos dominem. Com isso, quem sabe se torne mais fácil estabelecer um mundo pacífico e justo.}

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Eu, Luana, acredito em paz negociada, em pessoas treinadas em negociação capazes de conseguir dissipar a tensão e promover o respeito mútuo. Também acredito que associar o treinamento a uma profunda fé religiosa (não importa qual a religião) traz uma boa ideia da importância do perdão, afinal todos nós cometemos erros, mesmo que só em pensamento.

Além de religiosidade, a psicologia colabora fundo na questão, lembrando da importância do autoconhecimento (mecanismo de defesa/persona/ego/sombras/traumas/complexos/arquétipos) para reconhecer situações de viés implícito. Poder raciocinar antes do instinto agir, nos habitua a sobriedade, a busca pela clareza de sentimentos e pensamentos.

Não existe um lado certo. Existe a necessidade da presença do amor – que é compreensão, tolerância, zelo, cuidado, respeito. Amor e ponto final.

Luana Helena Arend Schreiner

Jornalista, Socióloga e Mestre em Educação.pigeons-birds-love-mood

Paz negociada/Novas ideias de treinamento em negociação/ Profunda fé religiosa

Projeto de Educação Ambiental

70e09b5cc0c7a98a7fa6c577219aae4aImagem de Fernanda Prado

O currículo da disciplina de Educação Ambiental começa a ser construído com a pergunta: qual é o endereço da escola? Porque a grade da disciplina deve ser muito específica ao local em que se encontra a escola (no mar, na montanha, na vila, no bairro nobre…). Jamais se deve usar um cronograma pronto. Tudo deve se adaptar à realidade do aluno. Que realidade é essa? É o seu meio social, ambiental, econômico e cultural!

Muitos alunos pensam que no meio da cidade, ao redor do shopping, da escola, não existe um meio ambiente ecológico, ao contrário, pensam que meio ambiente é lá no rio, na mata, no mar e não na selva de pedra.

Ao inserir na consciência do aluno, através do debate na sala de aula, a presença da escola num meio ecológico, o aluno entende – tudo que é feito pelo homem se insere na natureza precisando adaptar-se à ela – é preciso projetar essa inserção, levando em conta as necessidades ambientais do meio local, o bairro, a cidade e suas fragilidades e levar em conta as necessidades educacionais pertinentes à Ecologia ou Educação Ambiental.

Fora do currículo existem ações da escola que tornam o discurso e a teoria minimamente equivalentes, mostrando coerência e portanto uma racionalidade lógica. Dentre os itens que requerem planejamento consistente se dá destaque ao:

  • o saneamento dos resíduos sólidos e líquidos, principalmente se a rua não possui saneamento básico, rede fluvial e cloacal (realidade da maioria das cidades no Brasil);
  • viabilidade energética, captação de energia solar com baterias para vender o excedente à rede distribuidora;
  • reuso do lixo orgânico e resíduos de jardinagem em composteira;
  • compras responsáveis (por exemplo: não uso de carnes de nenhuma espécie animal e não uso de laticínios);
  • coleta de água da chuva e uso da água de poço, se houver.

              O principal objetivo é produzir hábito ecológico, um pouco mais além da consciência ecológica, intelectualizando a opinião de todos os membros da escola em relação a prevenção ao pensamento fragmentado da ecologia, como se passasse ao largo da vida social e econômica. Constata-se um divórcio entre o ambiente “natural” e o ambiente “social”, como constata o autor do livro Ecoplamento, o ambientalista Gert Schinke ( editora Insular, Florianópolis, 2013).

              A didática, a orientação tutorial da escola não deve usar o medo como recurso educativo. A mídia, os livros e os jornais, quando tratam de ecologia, falam sobre flagrantes de desmatamento, vazamento de petróleo, enchentes, apreensão de madeira ilegal, dentre outras situações dramáticas que em muito se assemelham àquelas questões da violência urbana, já tão tarimbada na mídia, na vida diária, principalmente nas  comunidades pobres e nas vivências dos alunos.

“É uma ilusão imaginar que a ‘educação formal’ nos tirará da atual situação de ‘deseducação’ onde reina a ‘terraplanagem cultural’. Uma mudança de qualidade nesse sentido só acontecerá quando o primado da educação familiar voltar a ser valorizado como uma das bases fundantes para que os pequenos recebam uma educação abrangente e com valores compromissados com a sociedade ao seu redor. Ao contrário da irresponsável permissividade que só lhes concede direitos , mostra-lhes que no mundo há deveres e limites que todos devem obedecer”. (SCHINKE, 2013, p. 92).

              A Educação Ambiental nas escolas formais trabalha isolada em uma espécie de nicho educativo (assim eu observei ao longo dos anos nas 5 escolas que lecionei e nas 3 escolas que estudei o Ensino Fundamental e Médio). A Educação Ambiental nas escolas formais, reproduz a dissociação entre as questões ecológicas do restante das questões que se apresentam no conhecimento geral, especialmente em relação às suas disciplinas mais complementares, como biologia, geografia, história, física, química, e isso acontece pelo desconhecimento da ecologia, pelo desinteresse dos professores e dos orientadores educacionais, que tem o receio de serem rotulados de “ecochatos”, então não se aprofundam no conhecimento ecológico.

              O fato do isolamento da Educação Ambiental é consciente dos dirigentes públicos, dos supervisores e orientadores educacionais, que a Educação Ambiental só faz sentido se voltada a uma natureza sistêmica e interdisciplinar, que é o que pretende um bom currículo na escola.

“Enquanto o Ministério do Meio Ambiente do Brasil elabora programas e políticas públicas para a área da Educação Ambiental, por exemplo, o Ministério da Educação do Brasil , responsável direto pelo setor, sequer toma conhecimento dos mesmos, atuando em evidente descompasso. Esse fator de ‘gestão pública’ da questão, no entanto, se combina com o fato de que a matéria é ministrada pedagogicamente de forma equivocada, pois dissociada das demais dentro da grade curricular, quando, ao certo, deveria estar contemplada dentro das demais matérias”. (SCHINKE, 2013, p. 93).

Residi, fui discente e docente numa periferia por muitos anos, em Viamão RS. Quando existia um currículo específico à realidade local, esse se mostrava restrito,  em geral se resumia e se resume na orientação para que se recolham materiais reciclados, pois é na periferia que já se encontra em larga escala a mão de obra gratuita e disponível para essa coleta dos excessos de consumo dos bairros mais ricos, ou menos pobres. A ecologia também costuma ser ‘pregada’ em palestras de especialistas, que separam os últimos 10 minutos para perguntas, o que não é pedagógico e deve ser tema de treinamento tutorial na escola.

A didática correta, segundo o meu ponto de vista, é a pedagogia ecológica que propõe estimular a curiosidade pela natureza, depois a admiração, a contemplação, para ir rumo ao amor e o respeito. Ensinando a observar o que é feito por Deus e não pelo homem para ir à observação das boas práticas. Assim como é feito, ou deveria ser, em família, com cuidado, e de forma acurada.

A didática tutorial  correta, se baseia também, no debate sobre as informações dos processos de produção de alguns alimentos, roupas, calçados, drogas, armas, enfim, tudo que causa enorme impacto no seu meio ambiente e qualidade de vida,  para que o aluno tenha subsídios para decidir consumir ou não consumir, ou até mesmo evitar ou diminuir o consumo, pois o consumismo é danoso, por exemplo: aumenta a criminalidade pois desperta no jovens da periferia o desejo de ter tudo o que os mais ricos possuem, mesmo estando aquém de suas possibilidades financeiras, esse desejo é o mote dos furtos, dos roubos, da entrada no tráfico de drogas ou do transporte de drogas para traficantes, é pelo consumismo que muito provavelmente se inicia a bandidagem, até mesmo a bandidagem de colarinho branco, dos políticos e empresários corruptos.

“Vivemos um modelo de civilização marcado pelo hiperconsumo, na raiz da agressão do homem à natureza, praticado no mundo de população imensa e crescente. Caracterizado pelo ‘use e jogue fora’, esse modelo nos obriga a trabalhar mais para consumir mais, a fazer coisas que não duram e a comprar sempre mais, porque as coisas estragam fácil, porque se o consumo não cresce, a economia paralisa e assim se propaga o desperdício. Pobre não é quem tem pouco, mas sim quem deseja muito, sempre mais e mais”. (MUJICA, Jose, ex presidente do Uruguai em seu discurso na Conferência Rio +20 em 28 de junho de 2012).

Este texto faz parte da dissertação de mestrado em Educação da jornalista, socióloga e orientadora educacional, Luana H. A. Schreiner.

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Artigo Científico: O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL DENTRO DE UM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO

por Michael Babwahsing
por Michael Babwahsing

Este artigo científico resume uma experiência de nove meses de estágio dentro de um hospital psiquiátrico de Porto Alegre, o Hospital Espírita de Porto Alegre, que ocorreu entre janeiro e setembro de 2016. Refere-se também a contribuição da observação e das experiências registradas em um trabalho voluntário paralelo dentro do CDQUIM, o Centro de Dependência Química do Hospital Parque Belém, na Unidade Privativa II, que começou em 07 de julho de 2016 e segue sendo categorizado e qualificado até o período atual. Em ambos hospitais foi desenvolvido um estudo de observação científica do potencial de trabalho de um orientador educacional na reabilitação social e psicopedagógica de dependentes químicos de todas as idades. As experiências de análise e principalmente de aplicação da orientação educacional ocorreram durante e através de entrevistas no qual testes vocacionais, de personalidade e de adaptação ao tratamento foram aplicados confidencialmente (análise individual) e principalmente durante a realização do grupo de espelhamento e autoajuda chamado Apoio Fraterno – o AF (análise de grupo) . Esse grupo se reunia semanalmente para estudo dos doze princípios filosóficos, religiosos e científicos do Apoio Fraterno voltados exclusivamente à reabilitação de dependentes químicos. Como a dependência química possui causas e consequências multifatoriais, são diversos os profissionais que a dependência química demanda tratamentos. O grupo Apoio Fraterno é constituído por psicólogos, psiquiatra, pedagogo, ex-adictos, co-dependentes, professor de educação física; por vezes há presença de um religioso (padre, pastor, seminarista, teólogo) e de um médico clínico geral; no período de realização do relatório de estágio obrigatório da UNIASSELVI-pós, esteve presente e atuante, a estagiária em orientação educacional para o exame da atividade com fins de produzir esta reflexão.

Durante os meses de estágio no Hospital Espírita de Porto Alegre, no Departamento de Assistência Espiritual e no Grupo de espelhamento Apoio Fraterno percebi que, como orientadora educacional, posso ser veículo de promoção e desenvolvimento gradual da identidade educanda de cada paciente dependente químico. Como orientadora estagiária me foi possível desenvolver valores e atitudes sociais em nível individual e grupal dos pacientes. Intuo ou deduzo que o orientador educacional pode melhorar o rendimento acadêmico e profissional dos pacientes após a alta hospitalar, dando ênfase a isso durante a internação, desenvolvendo com os pacientes hábitos de pesquisa em todas as áreas, dentro e fora do hospital a nível educativo e formativo, trazendo novos objetivos e metas de vida fora das drogas.

Criar a figura do Orientador Educacional dentro do hospital psiquiátrico é um modo de institucionalizar uma parte da ação educativa orientadora, proporcionando uma preparação especifica ao corpo clínico envolvido e à família, implementando uma formação psicopedagógica num espaço de reestruturação global do paciente/indivíduo.

A orientação educacional no hospital psiquiátrico representa uma parte importante da organização integral da saúde do paciente, por dar resposta a questões educativas, curriculares, axiológicas, morais ou relacionadas com a vida e os modelos familiares. Sua finalidade principal é tornar a educação mais personalizada, saindo do lugar formal educativo, que são as escolas, universidades, para servir apoio a atenção, à diversidade de um ponto de vista individual e grupal, assim como conseguir a plena integração da pessoa na sociedade. O orientador será o catalisador e o responsável por todas as ações que seus pacientes realizem ao longo do desenvolvimento de suas metas de vida escolar (educativa), com repercussão do que ocorrerá fora do hospital. E no AF, por exemplo, o grupo de espelhamento no qual as intervenções foram realizadas dentro do HEPA, o orientador educacional não está sozinho porque conta com diversos agentes, como pais, mães, psicólogos, psiquiatras, pedagogos, enfermeiros, profissionais da educação física e da assistência social. É um trabalho compartilhado onde o orientador educacional catalisa as contribuições desses demais profissionais.

A finalidade da orientação educacional dentro de um hospital psiquiátrico pode ser concebida como um recurso de socialização, de reinserção social àqueles pacientes dependentes químicos que precisam desenvolver uma conscientização de atitudes saudáveis para um indivíduo doente, para que possa se reintegrar, ressocializar na sociedade, família, estudo e trabalho. O orientador educacional é um agente de socialização desse paciente pois é o facilitador, o tutor, no processo de aquisição, interiorização e integração na personalidade do indivíduo, de valores sociais e normas de comportamento próprios do grupo social ou comunidade a que pertence, com o fim de possibilitar sua adaptação ao contexto social. Muitos abandonaram os estudos, foram demitidos de seus empregos e talvez não possam retomar essas mesmas posições por elas remeterem ou facilitarem a volta à drogadição. Por isso, a socialização desses pacientes é um processo dinâmico de interação, identificação e interiorização, que trará novas metas que passam obrigatoriamente pela continuidade dos estudos, da educação formal e do trabalho, da sua profissão ou de uma nova profissão.

Luana Helena Arend Schreiner

Jornalista Socióloga, Orientadora Educacional e Mestranda em Educação

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Orientação dentro do hospital

Lifelong Learning

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Estou amando falar em um conceito a todo momento para os pacientes, nos dois hospitais psiquiátricos que atuo, o conceito Lifelong Learning (o próprio nome se explica). Uma justificativa,  que discorro a eles, para o Lifelong Learning é a de que vivemos na sociedade do conhecimento!!

A grande diferença que existe entre as pessoas, e até mesmo entre os lugares, é a possibilidade de acesso ao conhecimento e a informação. A vida interpessoal, o clima ambiental e o mercado de trabalho complexos, mutáveis, flexíveis e inclusive imprevisíveis, junto a um acelerado ritmo de transformações tecnológicas, implicam a necessidade de um processo de educação continuada dos sujeitos sociais. Me parece que a sociedade atual demanda uma formação permanente, nos forjando a uma dedicação para adquirir conhecimentos culturalmente relevantes para a nossa inserção social.

Faço parte de uma corrente dessa civilização emergente que pretende responder a crise civilizatória global a partir da construção de novos paradigmas na Ciência, na Sociedade, na Educação e na Ética, entre outros âmbitos, o desafio é encontrar os melhores caminhos (que são individuais, cada um tem o seu) para apropriação e produção dos conhecimentos.

Necessito frisar/enfatizar aqui, que a Educação se consolida além dos espaços educativos tradicionais. A Educação é uma necessidade permanente ao longo de toda a nossa vida, durante a extensão de cada dia, em todos os ambientes e transversalmente. Mas, por favor, é de extrema importância (ao menos para mim) o que direi agora: existe um eixo central nessa transversalidade e onipresença da Educação – a educação AMBIENTAL  e a ECOLOGIA – gêneses da construção social da humanidade. A proposta é a fusão total das sociedades humanas e dos ecossistemas, tendo o desenvolvimento sustentável como o único indicador de desenvolvimento humano.

Eu confesso que separei o mundo construído do mundo natural, que fiz uma análise econômica e social das causas dos problemas ambientais, separei a história do homem da história da Ecologia (um ponto de vista muito biológico e pouco sociológico), resultando numa visão catastrófica em relação aos problemas ambientais. A pedagogia histórico-crítica, a pedagogia sociocultural e as propostas pedagógicas sistematizadas e baseadas no Pensamento Complexo, trouxeram luzes e ideias criativas em caminhos que avançam para a concepção de educação no novo milênio. Estão todos convidad0s a percorrer os caminhos do autodescobrimento e autodesenvolvimento constantes.

arvore8Luana Helena A. Schreiner. Jornalista, Socióloga, Orientadora Educacional especialista em Dependência Química e Co-dependência, mestranda em Educação, na linha de pesquisa de Gestão de Centros Educacionais.

Fundamentos Teóricos da Educação Intercultural

A Interculturalidade na educação me fez observar que os fluxos migratórios trazem dois fatos à realidade da nossa sociedade globalizada: diversidade intercultural e a intracultural, que acaba se transformando no qualitativo “multicultural”, pois os imigrantes estão se adaptando dinamicamente e sendo assimilados pelas sociedades receptoras e o que prova isso é a continuidade, a permanência dos fluxos migratórios ano após ano. Esses fluxos têm diferentes motivações e ocorrem em todo globo: se dão por desastres naturais, guerras, crises econômicas ou somente pela busca do sonho da sociedade ideal para viver. Aqui no RS estamos recebendo um fluxo constante de haitianos e senegaleses, ambos falantes do francês e vindos de um local de clima tropical, de religião islâmica (dos haitianos provenientes de Porto Príncipe e seus subúrbios – e dos senegaleses, que são predominantemente de religião islâmica). Em razão da língua se formou uma rede social pela Internet, principalmente pelo Facebook, onde os imigrantes transmitem informações sobre trabalho, moradia, recepção, criando uma especialização migratória, que promove o reagrupamento de povos do mesmo local de origem. Esse fluxo para o RS ainda não afetou o sistema educacional local, porque a maior parte dos imigrantes vêm com profissão, formação e não trazem seus filhos, não estão vindo com suas crianças e adolescentes (estão vindo apenas adultos e talvez isso se dê pelo rigor do clima temperado do RS, é uma suposição).

A pedagogia é a ciência que explica o fato educacional para transformar novos indivíduos em membros de uma determinada sociedade. Por isso, precisa, o educador aprender Interculturalidade, para exercê-la em sala de aula, observando o multiculturalismo e os processos de socialização. Pode-se começar se auto indagando sobre o tipo de discurso que lhe foi transmitido com referência ao diverso, ao estranho, ao estrangeiro, ao poder da cultura, tudo que vem em contraposição ao que consideramos como próprio, como autóctone. Essa perspectiva epistemológica é que vai adequar a perspectiva educativa. É na escola que os indivíduos são introduzidos ao mundo da cultura e a escola se constitui a fonte com o maior potencial homogeneizador a nos introduzir de maneira espontânea, o monoculturalismo. Por isso a escola tem o papel de forjar modelos multiculturais, porque misturados e unidos, seremos mais fortes.

Nas sociedades plurais e democráticas atravessadas pela tecnologia dos meios de comunicação e informação, a instituição escolar perdeu o monopólio do saber; a figura do professor também perdeu o respeito tradicional de que se valia, sendo substituída pelos mass media. Os mass media chegaram para substituir o mundo da experiência (diria o meu afilhado de 13 anos, que passa 10h por dia jogando na Internet) e entregando um mundo descentrado e instável.

As culturas são historicamente fluídas, mutáveis, porém com ritmo lento. Olhando-se externamente, são homogêneas; olhando-se internamente, são heterogêneas, constituídas assim, por uma experiência de longo prazo. É curioso que apesar de o mundo estar cada vez mais interconectado, as diferenças culturais se ampliaram; o atual estado de globalização parece ter aumentado a sensibilidade ante as diferenças. A razão, o motivo, parece ser que a globalização gerou uma mudança de ênfase, da cultura para a identidade.

O termo multicultural quer dizer de um contexto, um cenário culturalmente diverso com coexistência de culturas. O termo Interculturalidade é o nome que se dá às interações que as pessoas de diversas culturas estabelecem entre si. Existe um desafio de Interculturalidade na sociedade multicultural: envolver as instituições governamentais (que criam políticas públicas de integração favoráveis à convivência), os meios de informação (eu, como jornalista identifico o clima de opinião propício ou não a convivência pacífica), as organizações do mercado de trabalho ( que receberá sem restrições os melhores profissionais, independente da origem deles), as instituições do sistema educacional (formam alunos sensibilizados à adquirir conhecimentos, habilidades e atitudes favoráveis ao seu desenvolvimento tendo como exemplo diversas culturas de diversos lugares e pessoas), para que haja coesão interna na sociedade e uma cidadania intercultural.  Assim, estaremos preparados e adaptados aos fluxos migratórios, com cooperação, assimilação e desenvolvimento moral.

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Na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia 2132, Zona Norte de Porto Alegre, Rio Grande do Sul

Luana Schreiner, jornalista socióloga mestre em Educação, especialista em Lifelong Learning.